Se você é um dos milhares de profissionais liberais no Brasil — médicos, dentistas, engenheiros, advogados, psicólogos ou outros que atuam com autonomia — já deve ter se perguntado: é melhor atuar como autônomo ou abrir um CNPJ?
Essa escolha vai muito além da formalidade. A forma como você estrutura sua atividade impacta diretamente na carga tributária, nos custos operacionais e até na percepção de mercado.
Neste artigo, vamos esclarecer como funciona a tributação de profissionais liberais em cada modelo e quando vale a pena migrar de autônomo para pessoa jurídica.
O que são profissionais liberais?
Profissionais liberais são aqueles que exercem atividades regulamentadas por conselhos de classe, com qualificação técnica específica e autonomia profissional. Alguns exemplos:
- Médicos
- Advogados
- Psicólogos
- Engenheiros
- Arquitetos
- Contadores
- Dentistas
Esses profissionais podem atuar como autônomos, vinculados a clínicas ou escritórios, ou abrir uma empresa para prestar seus serviços como pessoa jurídica.
Diferença entre atuar como autônomo e ter um CNPJ
Atuar como autônomo
O profissional autônomo presta serviços em seu nome, sem constituir empresa. Ele pode emitir recibo de pagamento de autônomo (RPA) e recolhe tributos como pessoa física.
Atuar com CNPJ
Já o profissional com CNPJ exerce suas atividades por meio de uma empresa (geralmente como Sociedade Limitada Unipessoal ou Empresário Individual) e pode optar por regimes tributários como o Simples Nacional ou Lucro Presumido.
Impacto na tributação: CNPJ x autônomo
A tributação é um dos fatores que mais pesam na escolha entre autônomo e CNPJ. Veja na tabela abaixo a diferença de impostos entre os dois formatos:
Comparativo de Tributação
Tipo de Atuação | Tributos Incidentes | Alíquota Total Estimada | Forma de Recolhimento |
Autônomo (PF) | INSS (20%), IRPF (até 27,5%) | Até 27,5% + INSS | Carnê-Leão, DAS INSS, IR mensal |
Pessoa Jurídica | Simples Nacional (4,5% a 16,93%) ou Lucro Presumido (13,33% a 16,33% em média) | A partir de 4,5% | DAS Simples ou DARF (Lucro Pres.) |
Resumo: A atuação como profissional liberal com CNPJ pode reduzir significativamente a carga tributária, especialmente para rendas mensais acima de R$ 5 mil.
Vantagens de abrir um CNPJ para profissionais liberais
Economia tributária
Como vimos, o Simples Nacional e o Lucro Presumido oferecem alíquotas mais baixas do que a tabela progressiva do IRPF. Isso representa uma economia real no mês a mês.
Maior profissionalismo e credibilidade
Ter um CNPJ transmite mais segurança para clientes e empresas contratantes. Além disso, possibilita emissão de nota fiscal e contratos formais.
Possibilidade de contratação de colaboradores
Com um CNPJ, o profissional liberal pode contratar secretárias, assistentes e outros profissionais, ampliando sua estrutura de atendimento.
Acesso a crédito e benefícios bancários
Bancos e fintechs oferecem melhores condições de crédito e serviços para empresas do que para pessoas físicas.
Quando ainda vale a pena atuar como autônomo?

Atuar como autônomo pode ser vantajoso em situações específicas:
- Renda mensal baixa (até R$ 3.000)
- Atuação esporádica, sem recorrência
- Início de carreira, com poucos contratos ou clientes
Nesses casos, os custos de abertura e manutenção de uma empresa podem não compensar o benefício tributário imediato.
Simples Nacional ou Lucro Presumido?
Para quem opta por atuar com CNPJ, há ainda uma nova escolha a ser feita: qual o melhor regime tributário? Vamos entender as diferenças:
Simples Nacional
Ideal para empresas com receita anual de até R$ 4,8 milhões. A alíquota começa em 6% (com possibilidade de redução pelo Fator R) e pode chegar a 16,93%.
Quando vale a pena:
- Prestadores de serviços com folha de pagamento alta
- Atividades que se enquadram no Anexo III (ex: psicólogos, fisioterapeutas, dentistas com pessoal contratado)
Lucro Presumido
Aplica-se para faturamento de até R$ 78 milhões ao ano. A base de cálculo é presumida, e os tributos são pagos via DARF.
Quando vale a pena:
- Profissionais liberais com despesas operacionais baixas
- Atividades que não se enquadram no Simples
- Renda elevada com margem de lucro alta
Cenários práticos
Vamos ver dois exemplos práticos para comparar o impacto:
Caso 1: Psicóloga autônoma
- Renda mensal: R$ 8.000
- Tributos como autônoma: R$ 2.800 (INSS + IR)
- Com CNPJ no Simples Nacional (Anexo III): R$ 720
Economia mensal estimada: R$ 2.080
Caso 2: Advogado recém-formado
- Renda mensal: R$ 2.500
- Tributos como autônomo: R$ 300 (INSS + IR)
- Com CNPJ: R$ 350 (Simples)
Neste caso, a economia é pequena ou até inexistente, podendo não justificar a abertura do CNPJ.
O que considerar antes de decidir?
Antes de escolher entre autônomo e CNPJ, os profissionais liberais devem avaliar:
- Faturamento atual e projetado
- Despesas mensais com a atividade
- Possibilidade de contratar funcionários
- Necessidade de emitir nota fiscal
- Imagem profissional que deseja transmitir
Contar com uma contabilidade especializada para profissionais liberais é fundamental para realizar simulações, definir o regime tributário ideal e estruturar o negócio com segurança jurídica e fiscal.
Dúvidas frequentes sobre CNPJ para profissionais liberais
Posso ser MEI como profissional liberal?
Em geral, não. Profissões regulamentadas por conselho (como médicos, engenheiros, psicólogos, advogados) não podem ser MEI.
Posso manter vínculo com o INSS mesmo tendo CNPJ?
Sim. Você pode contribuir com o INSS como contribuinte facultativo ou por meio do pró-labore, garantindo aposentadoria e benefícios previdenciários.
Posso atuar como autônomo e depois migrar para CNPJ?
Sim. É comum iniciar como autônomo e, com o aumento da renda e dos contratos, migrar para pessoa jurídica. Uma contabilidade pode ajudar nessa transição sem burocracia.
Conclusão
A escolha entre atuar como autônomo ou abrir um CNPJ pode mudar completamente a realidade financeira dos profissionais liberais.
Para quem já tem uma carteira de clientes estável e uma renda média mensal acima de R$ 4.000, formalizar-se como empresa quase sempre representa economia e mais possibilidades de crescimento.
Por outro lado, quem está começando ou atua de forma eventual pode manter-se como autônomo por um tempo.
O importante é entender o impacto da sua escolha na tributação, no posicionamento profissional e na organização da sua atividade.
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